"Fico ali, o tempo que for preciso a imaginar aquele tímbre confuso na dor da doçura, como se a tua voz fosse todas as vozes e só existisse o teu sorriso em todos os sorrisos, o teu choro em todos os choros. Dizem-se palavras banais, quase inventadas para preencher o nada e o nada serem. E nenhuma palavra é tua ou serás todas elas. És as pausas e o artifício, o medo do fim ou do recomeço sem ti. Respondo quase verdade, como se o pensamento se separasse do corpo que te precisa.
Toca. Continua a tocar e não és tu, não serás tu, mas é o teu toque.
E para sempre só o teu toque."
"...a certeza de que posso morrer de ti, eu que tantas vezes me esqueci dos teus olhos nas mãos que me beijaste..."
"....não chegamos a tempo de amar ou o tempo partiu depois da dor...."
"São os dias que se ganham a observar os desfiles das personagens que surgem sábado à tarde no Majestic, trazendo um caderno meio escrito meio apagado e um livro que absorve cor debaixo do braço. Um chapéu mais ousado, um olhar de poeta secreto e um cimbalino que fala. Talvez entre por aquela porta o pianista, ou a mulher dos olhos cor de mar com que me cruzei há pouco em Sá da Bandeira. Talvez a minha solidão não seja assim tão só aqui, nem os pássaros tão distantes, neste rio que voa as minhas asas."
"Desde já a madrugada e um compasso
Se for hoje a minha ida além
Serão dos meus olhos o teu silêncio
Farto em cansaço...
...esse silêncio,
Que dizes ser meu também."
C.
...
2 Comentários:
A mais bela de todas as partilhas...a do silêncio. Que alguns nefastamente procuram preencher com palavras vãs...
nesta quinta-feira o Porto rasgou-se em doçura...
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