terça-feira, abril 19, 2005

Uma voz na pedra

Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

2 Comentários:

Às 4:33 da tarde , Blogger sombra_arredia disse...

Tornam-se nítidas,as palavras, quando ditas em contraluz,ao sabor de um sopro,ou ao serem esmagadas pela boca de alguém.
Desse alguém,,,

 
Às 5:53 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

"Gritando o meu silêncio na voz calada." - Gabriel o Pensador

<3

 

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