quinta-feira, outubro 14, 2004

Cenário

Frio. Lá fora um novelo que se esbate do lençol entardecido pelo teu suor. Há esquinas que curvam as ruas para que o destino não seja sempre igual, como se a regra fosse seguir o traço que não se entrega ao círculo. Olhares vazios. As mãos, fechadas numa chávena que se entorna pelo desejo. Há lareiras acesas noutras vitrinas e é então que te esqueço. Cenário doentiu ou pendente em mim, nunca acontece quando quero e sempre é o que não digo. Exorciso-te quando descolo as páginas do livro e cada palavra foi aquela que não me disseste. Um trago ao interior da chávena, também ela se enche e se esvazia mais depressa que o tempo. Escrevo com o carvão quente para te queimar nos dedos e não mais beber os segredos que inventaste.
Deito-me. Há uma manta no chão onde me teimo e te esqueço, porque adormeço.

4 Comentários:

Às 9:55 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

"(...)Porque era apenas atrás de ti

que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem..."

Maria do Rosário Pedreira


... E que nunca partas. *

<3

 
Às 11:03 da tarde , Blogger Garcia disse...

"Mais uma carta rendida num cenário que manda dançar, mais uma dança perdida e uma noite só para lembrar..."

Tiago Bettencourt

 
Às 7:05 da tarde , Blogger sombra_arredia disse...

...o quarto...as paredes...

 
Às 7:59 da tarde , Blogger Night Swimmer disse...

"[...]Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas[...]"

Adriana Calcanhoto

 

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