quinta-feira, abril 28, 2005

Ver-te dormir



Cantam desejos dispersos no ar. De novo a solidão enrolada nos dedos do fumo que acaba e permanece, enquanto acendo outro cigarro. Viajo nas linhas dos teus olhos adormecidos sobre a cama.
Ficar a olhar-te é a essência da poesia, um mundo aberto nas minhas mãos jamais descrito no papel. Balanças no novelo de sonhos que se desenrola do respirar enquanto aflito, o tempo lá fora bate na vidraça com presunção.
Escrevo. Não sobre ti mas para ti. Agora que todas as horas mais longas são cordas para te agarrar ao tempo em que te tive e tudo em mim era medonho.
Desenho o toque. Precisão confusa e presente sem me sentir, sem me sentires.
Afinal dormes. Afinal és só memória vadia no meu quarto de hotel feita fantasma e arauto ao mundo maior. Os teus passos assustam. Recuam em delírio aos meus que te fogem sem querer.
E este é o teu cheiro gravado e secreto, à mulher que estreitas e adormeces contigo,
- tão dentro de ti.
Clara_

5 Comentários:

Às 11:52 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

E como é belo ver-te dormir. Naquela paz que me cobria a noite de estrelas. Aquelas noite de espanha são algo que ficam para sempre, como lembrança dos melhores tempos. Quando eramos só nós, a lua, as estrelas que caiam e nos faziam pedir desejos e mais desejos. E tudo o que eu desejava era poder ver-te dormir, só mais um pouco. E que quando acordasses, eu estivesse sempre lá - ao teu lado, para te dar um beijo e um "bom dia".

*dmt*

 
Às 12:54 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Queria poder proteger-te de tudo, de te ver dormir descansada e tranquila. Saber-te feliz, naquele momento. Porque a vida é feita de momentos.

*<3*

 
Às 1:40 da manhã , Blogger Garcia disse...

Palavras para quê, quando não se consegue descrever o que se lê...

 
Às 2:45 da manhã , Blogger sombra_arredia disse...

Mt bom :) mt bom mesmo..

 
Às 2:26 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Uma brisa que luta contra a distância. Levanta o restolho à sua passagem perturbando a paisagem serena. Até a saudade apertar e o regresso fazer sucumbir o desejo.

Kisses from Oporto

 

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