segunda-feira, agosto 18, 2008

Esperar pelo amanhã


Há pouco um grito.
- Foi uma sombra que passou.
Há pouco tu.
- Já voltaste?
Enquanto não, o que ficou...



Não tenho espelho nem sombras desatentas
Nem marés desiguais entre as vindimas
Nao tenho a terra, as mãos, o calo firme
O amor a vencer as mil meninas.

Não tenho a espada, o lume aceso
O braço enorme a susurrar
Não tenho a tremura
E o desassossego
O sonho inteiro
por te inventar.

Tenho em breve, mais do que o tempo
De ti os anos loucos
a procurar
Tenho a saudade
em que lamento
Os nomes estáticos
para te chorar.

[...] Não te vou procurar. E vim para casa sabendo que pela primeira vez não o faria, interrogando-me como se faz isto, repara a impossibilidade, aprender a fazer como não se faz. É então isto a morte. E vão duas vezes que te digo isto. Não te podendo procurar porque és agora nada, a morte são uns olhos de cão aos pés do teu lugar da cama, a olhar para mim, a olhar para onde te via.
Rodrigues Guedes de Carvalho
in
A Casa Quieta

3 Comentários:

Às 4:10 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Tens a escrita para te reflectir e todas as páginas em branco por existir.





Sem luz nem paz

 
Às 1:40 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Na minha modesta opinião, esse livro é tão mauzinho... =/

*

 
Às 10:50 da tarde , Blogger AM disse...

O que ficou?
...E se já não fica nada?
Com que lágrimas se chora quem já não está?
E quando acabarem as lágrimas como é que se chora?

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial