quarta-feira, março 15, 2006

A solidão do estúdio

olhares.com

E desfilar em tudo aquilo que há uns anos era utopia e hoje se tornou real. As horas que eu passava atrás das câmaras, entre os fumos e os compassos do tempo certo para ir, para parar a tentar adivinhar quem era quem e o que faziam. Normalmente davam-me um chocolate e uma garrafa de água “É patrocínio” diziam, e eu sei saber muito bem o que é que isso queria dizer. Mas era giro, tornou-se viciante. As luzes cada vez mais precisas, o cheiro do estúdio dormente que vingava paralelo às vozes das meninas de cristal. Os fios, atropelando o chão para que chegassem a tempo do plano, da imagem íngreme ao medo dos teus olhos. Mas isso não se mostrava, ninguém via. Só as mãos molhadas do suor de tudo cravavam os cenários sem graça, sem cor enquanto negros. De todas as vezes, todos os sonhos. Todo o ideal estampado no meu rosto de que um dia seria também um pouco daquilo.
Hoje fui. Esse dia chegou e há a mesma magia tatuada, qual desejo tardio, à margem do produto final. Fui tempo no tempo que nos faltava para que a música e tudo aquilo que a lançasse saísse na perfeição. Telepontos rodados, guitarras soltas na maré das vozes. Imagens, os instantes que relembram que o lá fora existe e tudo aquilo não é só desejo. O Fim. A nua e crua sensação de solidão ao estúdio enorme, vazio, quando os flashes se derramam e as luzes se apagam sobre o chão pisado. E mesmo assim é belo.
O silêncio, a imagem de tudo enquanto tu ainda estás.


E para sempre tudo isto outra vez

“Adeus… não afastes os teus braços, dos meus…”

1 Comentários:

Às 12:29 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

É bom saber que conseguiste tornar este teu sonho realidade. E melhor, a música esteve presente nesse momento. A televisão é mesmo uma caixa mágica. *<3*

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial