terça-feira, abril 11, 2006

Cumplicidades

Eu a convencer-te que gostas de mim,
Tu a convenceres-te que não é bem assim.
Eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis.

Eras tu a dançares em pleno dia,
E eu encostado como quem não vê.
Eras tu a falar para esconder a saudade,
E eu a esconder-me do que não se dizia.


Desviando os olhos por sentir a verdade,

Juravas a certeza da mentira,

Mas sem queimar de mais,

Sem querer extingir o que já se sabia.

Eu fugia do toque como do cheiro,

Por saber que era o fim da roupa vestida,

Que inventara no meio do escuro onde estava,

Por ver o desespero na côr que trazias.

Era eu a despir-te do que era pequeno,

Tu a puxar-me para um lado mais perto,

Onde se contam histórias que nos atam,

Ao silêncio dos lábios que nos mata.

Eras tu a ficar por não saberes partir,

E eu a rezar para que desaparecesses,

Era eu a rezar para que ficasses,

Tu a ficares enquanto saías.

Não nos tocamos enquanto saías,

Não nos tocamos enquanto saímos,

Não nos tocamos e vamos fugindo,

Porque quebramos como crianças.

.

.

Afinal... Quebramos os dois afinal. Quebramos os dois afinal. Quebramos os dois...

.

Toranja

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