Coisas que não se explicam...
Gritante. As páginas riscadas que se cruzam de lá para cá numa angústia inebriante. São duas da manha e ainda não sei onde começou o tempo. Onde começa a mentira. Alusões, já lá vou.
Rasgo-te aos tropeções dentro de mim, as teias dos dedos presas à ignorância, cada vez mais cómoda, cada vez mais minha. Há lá fora ainda gentes que acreditam num passo que tenha onde chegar. Desato os pulsos, queimo a lenha cerrada ao meu frio interior e resolvo baralhar a vida.
Calculo-te.
Não sei que mentira me diriam agora os teus olhos à queima roupa desta madrugada escrava de mim mesma. Não sei que vozes me bailam os medos de te descobrir e, quem sabe, morder o desencontro até sangrar.
Afinal nada disto faz muito sentido, as palavras que despejo como alinhamento do pensamento que não existe. São pontapés discretos no tempo, esse que continuo a não saber onde começa, mas sei que nos acaba a cada instante.
Afinal nada disto é preciso, é discreto, é secreto. Há lampejos de cromatismo no avizinhar festivo, fogos repletos de sonhos e um atrás de janela onde se estremece a solidão. A minha. A nossa. A ferida que afaga o Inverno e me inventa lentamente para longe de ti.
Porque afinal já nem a mentira é mentira. É uma realidade tangível bem fundo dos teus olhos.
" De cada vez que a ternura desata o desejo
Tu és igual a mim..."
M.V
2 Comentários:
"lembra-te
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos"
M.Cesariny
*
Sopro
deu-nos para as madrugadas.
;)
m.
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