domingo, março 11, 2007

Nunca ninguém

"Faz-me falta um verso onde lembrar não cabe..."



Viagens longas entre as esquinas. As vozes cruzavam-se, quase hora de ponta, correndo mais depressa que o próprio timbre, tentando chegar uma primeiro que a outra. Embora amiga, concorrente.
- Deixa-me falar primeiro.
E depois o pensamento, o meu.
- Eu percebo o teu ponto de vista, mas…
Também queria ter sabido que “mas” poderia sair daquele raciocínio, mas…
- Mas nada, é isto que te estou a dizer, não há mas nem meio mas.
Se calhar não há mesmo.
De súbito o tema traição.
Silêncio.
Mais silêncio.
Os vidros embaciados da respiração excessiva. Dos medos, dos fantasmas perto da pele.
Eu calada. Como sempre.
De repente tu ainda entre cada palavra e casa ausência. Entre o espaço que finjo ser, o silencio que não quebro.
Por ser teu também.

- Mas… calou-se tudo?

Nunca ninguém disse nada

1 Comentários:

Às 8:30 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Não sei porquê mas consigo imaginar um cenário onde esta conversa tenha tido lugar...



*
A que gosta de Nadir Afonso

 

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