Junto a ti
Agradeço a Amizade todos os dias. A tua, a dele, a nossa… Os momentos carregados de partilha, de cumplicidade, da paixão nas horas que tardam o entardecer, em todo o tempo discreto ou dorido, conforme, os passos que me estreitam a todo e qualquer beijo teu. Agradeço as pessoas que são em mim e me fazem sentir o que basta dentro da verdadeira amizade. Que sabê-la verdadeira é conseguir tocar o invisível da presença, ouvir sem que o som exista e permanecer uma noite, um dia, uma vida presa ao papel do açúcar daquele chá, ou à rosa seca que não mais se separa das mãos.
E as mãos, sim, as tuas, guardadas no eterno amor que devora o país e se estende a um abraço de madrugada. Não de despedida porque o adeus é em tudo isto ilusão, mas de uma vontade gritante de ficar, sempre. E para sempre.
E as mãos, sim, as tuas, guardadas no eterno amor que devora o país e se estende a um abraço de madrugada. Não de despedida porque o adeus é em tudo isto ilusão, mas de uma vontade gritante de ficar, sempre. E para sempre.
Junto a ti.
Atlantis @ Vilamoura
Aquela clara madrugada que
Viu lágrimas correrem no teu rosto
E alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno Agosto
Ela só viu meus dedos nos teus dedos
Meu nome no teu nome e demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos
Que em silêncio dissemos separados
A clara madrugada em que parti
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
Por onde o automóvel se afastava
E viu que a pátria estava toda em ti
E ouviu dizer adeus essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada
Que fez tão triste a clara madrugada
Manuel Alegre
2 Comentários:
O que tu queres sei eu, pá!...
Queres uma espiral, às curvas e voltas, queres ver, queres?
Uma tela de lona pregada no chão de pedra, entre o rodopiar dos rodados, o esgoto que se pressente ou o galho de árvore que desaba directo sobre o tecto do sonho.
Um chilique à beira mar, o doloroso caminho para um hotel no fim do mundo, um chá adoçado por afagos e amigos, endorfinas fresquinhas por provar, um projecto de viagem por estrear.
Um sol interrompido pela chuva envergonhada, uma dúzia de faróis para confundir na paisagem, uma estrada de fogo e alcatrão calejado da fúria dos quilómetros.
Um vidro partido mesmo no centro da alma, um regresso apressado, o desnorte dos dias, o prazer de tornar a casa. Corredores de um hotel, um D. Quixote num bar perdido, voltas insanas a uma piscina deserta, o bocejo dos gatos nos destroços da viagem incumprida.
As voltas de vai-vem num táxi descapotável; verde, amarelo, vermelho – como se orienta um taxista daltónico nos semáforos? – ou a volta do regresso cansado a um mar onde o azul se esconde pintado de verde até desaguar de encontro… à parede.
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