Paisagem demorada
Hoje descobri que tinha uma parede cinzenta no meu quarto. Que os gestos se desfaziam em pinceladas garridas enganando o frio. Descobri no batuque do tempo porque dou por mim a pensar entre mil coisas em que momentos sou feliz.
Faz-se uma pausa. Quilómetros apertam a estrada. Circulo sozinha entre o asfalto e o pregão e depeço-me como quem pede dois olhos negros que ainda agora me suavam a paisagem demorada.
Hoje fugi do sonho como quem peca por ser esquiva. Entreti-me mar dentro com o peso das mãos suadas de te querer e acabei por pousar descalça a velha história de que o "segredo" se faz assim. Deixa-me que eu resisto. Só quero o peso do que nos dissemos sobre o meu corpo. É meu. É de ti a dúvida primária da relação.
Hoje descobri que tinha uma parede cinzenta no meu quarto.
3 Comentários:
E quantas mais paredes cinzentas dentro de ti? Quantas mais vezes vais deixar que o quarto seja a parede? Quantas mais vezes o cinzento vai apertar-te o espaço?
...hoje descobri que tinha uma parede cinzenta em meu redor...ah... afinal não era uma parede era um muro, uma muralha, todos os dias cresce, vai-me limitando o tempo, o espaço, a luz...
eu gosto do cinzento, nasceu comigo, faz parte de mim, acho que o carrego nos olhos!
Talvez tenhas descoberto um pouco de uma nova vida, que se inicia, num quarto cinzento, que te obriga a sair... a sair para a tua vida!
Aquela que sempre soubeste que viverias... esteve até agora somente em ti.
É o momento de todos a verem!
Ainda te restam 3 pra as colorires.
Ainda te restam cores na paleta.
Ainda consegues distinguir as o cinzento do preto claro.
....
...Ainda "tens salvação"...
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