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Há momentos que se cruzam, como as palavras que sempre me dás perto do sonho. Outro dia cruzei-me contigo, falei-te de olhares sem que percebesses e ao sorriso deixei-te uma linha interminável cheia de nós. É vermelha, por acaso. Poderia ser de outra cor qualquer. Talvez azul.Tu sabes porquê.
À Xana,
Linha Vermelha II
Não há sonhos derramados
Antes da escuridão
Mas há, nos teus olhos
Peitos chorados
Ao redor da multidão.
Atravesso demais para que possa
Ser sombra e maré dentro de ti
Arrisco o passo para que esteja
Entre a linha vermelha
E o nada que te sorri.
Há versos na angústia desmentida
Um abraço que morre desfeito
Sobe ao azul, e logo é minha
A tua dor selada ao peito.
De todos os caminhos
A linha é igual
Vermelhos os sentidos
Antes de te perder
Do outro lado do sorriso
Quem te precisa...
E te obriga sem pressa a amanhecer...
C.
1 Comentários:
Há caminhos que se cruzam e deixam marcas.
Alguém passou à minha porta, na minha ausência, e deixou um poema escrito na paisagem que o vento se encarregou de fazer voar.
Há os poemas que sangram a pele e deixam um rasto de sangue, uma linha vermelha...
Aprendi contigo (ou aprendemos em conjunto?) que há histórias surreais que acontecem porque sim, não adianta fugir-lhes.
Dois olhares paralelos sobre o mesmo traço, que é vermelho e podia ser azul...ou amarelo...
A linha amarela que - sabemos - leva sempre ao mesmo lugar, como tem de ser!
Uma viagem psicanalítica a um olhar cheio de rugas, de cansaço, de velhice interior..., um olhar negro de angústias e incertezas, ausências e fantasmas...
Tanta luz num sorriso ainda cheio da nobilíssima inocência dos que irradiam paz, a frescura dos que amam a verdade acima de todas as coisas...
Pena eu não saber corresponder com a mesma luz!
Xana
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