terça-feira, novembro 29, 2005

Eternos porquês

Quem fotografa o antes de ter sido?
E quem desenha o mapa do acabar?
Falta o porquê o de onde o para onde.

Morremos de nunca ter sabido
morremos de tanto perguntar.
E só o poema às vezes nos responde.
Manuel Alegre


De que me servem os saltos na fogueira
E as lamas extensas ao acordar,
De que me servem as mendigas carpideiras
Sem que a bondade lhes possa sobrar?

De que me servem os livros cansados
As estantes dobradas no tempo,
De que se sustentam os beijos amarrotados
O lume firme e frio ao pensamento?

De que vontades feitos os mundos
Os lúgubres lugares, pouco a pouco
E de que me serve o teu amor veemente
Se o destino nos dobra o chão, feito morto.


E se depois do Adeus ficássemos só nos dois?
E se antes dos restantes banais
Os nossos corpos desiguais
A amanhecer.

E se depois de tudo isto
Ainda soubermos estar
Como pássaros tatuados
Pelas regras insípidas

Que se debruçam no olhar.


C.

5 Comentários:

Às 3:38 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

será que há um fim do fim do início?

é difícil dizer quando não se sente nada.

bom poema :)

 
Às 5:20 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Porquê os desencontros...? Porquê a saudade...?

*<3*

 
Às 10:22 da tarde , Blogger Ruca disse...

Porquê a saudade? Porque existe o amor, o afecto, a ligação ou apenas a amizade...

 
Às 4:55 da manhã , Blogger sombra_arredia disse...

Falta perceber o porquê de mãos roçaram em nós e se demorarem tempo a mais..

Falta perceber o porquê de olhos espelharem-se em nós e se rasgarem em verdades secretas...

Falta o poema deixado em nós por alguém.

 
Às 6:58 da tarde , Blogger Garcia disse...

Afinal, porquê?

 

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