Eternos porquês
Quem fotografa o antes de ter sido?
E quem desenha o mapa do acabar?
Falta o porquê o de onde o para onde.
Morremos de nunca ter sabido
morremos de tanto perguntar.
E só o poema às vezes nos responde.
Manuel Alegre
De que me servem os saltos na fogueira
E as lamas extensas ao acordar,
De que me servem as mendigas carpideiras
Sem que a bondade lhes possa sobrar?
De que me servem os livros cansados
As estantes dobradas no tempo,
De que se sustentam os beijos amarrotados
O lume firme e frio ao pensamento?
De que vontades feitos os mundos
Os lúgubres lugares, pouco a pouco
E de que me serve o teu amor veemente
Se o destino nos dobra o chão, feito morto.
E se depois do Adeus ficássemos só nos dois?
E se antes dos restantes banais
Os nossos corpos desiguais
A amanhecer.
E se depois de tudo isto
Ainda soubermos estar
Como pássaros tatuados
Pelas regras insípidas
Que se debruçam no olhar.
C.
5 Comentários:
será que há um fim do fim do início?
é difícil dizer quando não se sente nada.
bom poema :)
Porquê os desencontros...? Porquê a saudade...?
*<3*
Porquê a saudade? Porque existe o amor, o afecto, a ligação ou apenas a amizade...
Falta perceber o porquê de mãos roçaram em nós e se demorarem tempo a mais..
Falta perceber o porquê de olhos espelharem-se em nós e se rasgarem em verdades secretas...
Falta o poema deixado em nós por alguém.
Afinal, porquê?
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