sexta-feira, setembro 30, 2005

Rasgos

Escrevia uma página. Relia-a e cortava logo alguns parágrafos. Voltava a lê-la e tirava algumas frases. Depois ia às palavras. Reparava na inutilidade de muitas e extraí-as. O que se encontra após uma vírgula também podia desaparecer. Um ponto e vírgula geralmente indica a ineficácia das frases que une, e eram retiradas.Continuava assim durante algum tempo.Se não fosse a sua mulher roubar-lhe a página, restaria uma palavra ou talvez nada.Ele precisava tanto de escrever como de apagar o que escrevia.
Vida de adulto
"Apagar"
Pedro Paixão

Num qualquer guardanapo @ o5

2 Comentários:

Às 7:40 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Não... não te vou dizer "corta tudo menos o título", nem tão pouco, como suponho que esperarias, "corta tudo menos o 1º parágrafo"...

Esse poema dói e gosto dele por me doer (tenho este quê de masoquista em mim), e este, como todos os poemas, é um exorcismo diria mesmo... "genial".

Por isso não cortes nada, não "apagues", se o perdão é o tema da 1ª estrofe, as outras servem mesmo para perdoar... "sweet rain of forgiveness".

X.

 
Às 8:06 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Sempre gostei desses crokis que antecedem algo inexoravelmente perpéctuo...algo feito palavras e sinais e seja mais o que for, que dá corpo a um poema.


E eu já testemunhei-te*

atrás|DO|vidro

 

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