sábado, maio 12, 2007

Processos complicados

Sair de casa. Esquecer-me das chaves. De facto até tenho fome, já agora umas bolachas de chocolate. Trancar a porta. Entrar no carro pelo lado do pendura. Faz uma semana que me bateram. E depois lembrar-me de que não há pisca para ninguém.
Vá lá Joana, desce, estamos atrasadas. O melhor é irmos no SMART, aquilo deve estar uma confusão. Mil e uma desculpas, esqueci-me de te ligar! Mas olha, manda-me isso por mail que assim que puder dou-te uma luz. Então Joana? Esqueci-me do 7up! Deixa lá isso, já estamos atrasadas.
Chegámos, a vários sítios, já andei para a frente senão são frases e pontos a mais. Há uma multidão que suspira do mesmo. Querem música, mas não é bem aquilo, se calhar é mais porque o amigo do amigo disse que era cool, e está na moda. Sim, está na moda. Isso interessa-me. Só para a reportagem. Garrafas e placas na mão. São centenas a quererem entrar e a polícia já não deixa. Barreiras. Irritação. Mas afinal eu comprei bilhete e não me deixam passar. Epah liga ao chavalo men, o gajo orienta-te as cenas lá dentro. Tás-te a passar? O puto a esta hora já está noutra chavalo. Epah foda-se, ainda por cima tem ele a ganza, já a deve ter mamado toda. Cala-te crlh, vamos masé dar baile aos Bófias.
Mais atrás.
Empurra! aqui é que nao!
E começo a sentir o ar apertado, as mãos suadas, a vontade de desaparecer. Olho à volta e a palavra é única: multidão. Será que isto acontece noutros países ditos desenvolvidos?
O bacano lá da minha faculdade estava a dizer que disponibilizaram bueda poucos bilhetes para chularem o pessoal todo à porta. Yah! FDX, cabroes do crlh.
Escondo-me, agora o ar falta-me mesmo. Será que estou com fome? É pouco perceptivel o que se sente aqui. Olho em volta à procura de uma saída. E a barreira policial responde-me logo. Olho a fila dos bilhetes, é interminável. Rostos conhecidos em toda a parte, quase inferno. Sinto-me mal, quero escrever. Quero acreditar que lá dentro está melhor, mas os gritos assaltam qualquer palma mais contida. Muitos nem sabem o que vão ver. Vão. É o que importa. Porque no dia seguinte também de nada se vão lembrar.
Passo mais linhas à frente, já chega. Chego a casa, atiro o corpo de encontro ao silêncio. Estou velha para isto Joana. Não amiga, este país é que está velho para nós.
Talvez. Percebe-se a ideia? Já não somos só 200 universitários. Somos aquelas centenas largas que esgotariam qualquer recinto o triplo daquele. Mas é díficil perceber isso. E não inovam, não pensam sobre nada.
Custa-me ainda o processo de atirar os sapatos para o vazio. Os folhas para os dedos. Há alguém que, noutro mundo, diz ter saudades minhas. Muitas. E enche-me de amor. E de paz.
Amanhã és tu. Adormeço.

Obrigada CM

4 Comentários:

Às 3:13 da manhã , Blogger Madalena Vidigal disse...

não tou no outro lado do mundo e não convivi ctg mais que 4 dias mas tb tenho saudades tuas* :)


(e pensar que estive mesmo para me meter no meio dessa multidão... ainda bem que o cansaço e a preguiça me venceram e fiquei em casa a dormir!)

 
Às 11:58 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

vamos ver as garças?

 
Às 3:16 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Ainda bem que estava contigo... e que estou sempre e tu comigo. Beijo miga*

 
Às 2:39 da manhã , Blogger Ruca disse...

Ás vezes os sacrificios não valem a pena, e é mesmo melhor fecharmos-nos no quarto a pensar em dias melhores!

 

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