O Setembro de 2010
Tens a voz distante.
Pressinto-o e não sei
Quem de nós se fez amante
Se fez guerra e paz
No mesmo instante
Em que foi Rei.
.
Tens a voz a arder
E eu a morrer
Tão dentro dela
Tenho o sangue a querer
Mais dias de ti
Ou a ausência completa.
.
Tenho o sentido infame
A contornar-me a língua
Os poemas presos
Nas pontas da vida
E o olhar perdido
Na voz que não chamo,
No teu gesto coercivo
E no outro que Amo.
C.
Sempre em vão
"Não percebo o que é que queres/diz-me tu o que preferes/ir embora ou ficar./ Este espaço intermédio/entre a paz e o assédio/não nos deixa evoluir"
Tiago Bettencourt
Sempre em vão
Somos tempo que secou
Num passado que findou
Num encontro sem memória.
Somos verbo que morreu
No medo que esqueceu
O início desta história.
E depois fica o rádio
a desenhar
A tua voz a adivinhar
Os meus olhos em convulsão.
E depois mais dias do mesmo dia
Mais a saudade contra o relógio
E nós e quem não fomos
No que somos sempre em vão.
_Folha em Branco_
Mil asas de ti
Porto (back from Barcelona) Há nestas asas mil nomes de ti
Uns teus, outros que não
Há neste desenho
Um mar aberto
Quando a sede se faz razão.
Esses nomes de que falo
Essas línguas de outro mundo
Esse encanto de regalo
Que me embala junto ao fundo.
Essa ausência inquieta
De lugares em desvario
Esses lemas tão selectos
No que nunca ninguém viu.
E essa asa de mil nomes
Que o teu nunca seguiu.
C.