sexta-feira, outubro 29, 2004

Pis...

O tempo separou-nos mais do que podia, mais do que era possível e por isso sobra hoje, juntamente com a vossa presença, uma enorme saudade. Parte de mim que são vocês e todos os encantos que relembro enquanto cresço ao vosso lado. As mesmas dores, os mesmos desenhos, os mesmos momentos, o mesmo sangue...em vidas tão diferentes.

Luv u so much!Posted by Hello

quarta-feira, outubro 27, 2004

Amizade

Há dias em que somos cercados por uma irrealidade que possivelmente nos pode remeter a um filme, a uma peça de Teatro. Histórias surreais, assim como as pessoas que as habitam. As palavras - sem sentido, os gestos - sem lugar, e as explicações que não chegam na nossa mania de racionalizar tudo, como se tudo tivesse de ser assim, não porque sim, mas porque qualquer coisa.
Hoje é de Amizade que falo, ou que menciono, uma vez que os sentimentos não se deixam falar. Amizade onde um mundo se abre para Ser, onde tudo nos cabe num abraço fechado - e basta. Bastam os teus olhos sobre os meus quando cerram uma dor qualquer, as tuas mãos que viajam a cidade para virem ao encontro das minhas, ou os momentos certos que tão bem os sabes.
Não queria especificar, mas é hoje, e a ti, que quero agradecer essa Amizade e partilha onde cabe tanto...
Eu, sempre deste lado...
...como tu aí.

(A Luz só existe através de quem a sente..."ali ao fundo, vês?" ;) )

Comoamanha

segunda-feira, outubro 25, 2004

Distância Posted by Hello

Confuso

Desejo-te. Sempre no fulgor sagrado de seres assim discreto e pausado em tudo o que fazes. Surges-me em néons de vontade, certeza infeliz que sei tão longe. Ás vezes demoras as palavras para que o encanto seja mais preciso no toque. Outras , acendes uma vela sobre a sala fria e ali te deixas conquistar, sempre com o olhar em mim e as mãos mais longe. Falas dos teus dias que me intervém o passo pesado que dou pelo teu peito, inquieta. Mais discreta é a sombra do sossego quando te sei na parede que me dispara.
Nunca ninguém me toca, nem tão pouco me agarra e me beija ao som de uma daquelas canções que sempre nos parecem do mais perfeito banal. E depois tornam-se eternas. As “playlists” já as escolhem porque acabamos por as ter repetidamente na memória. Já cantamos, já dançamos e humedece-nos o olhar quando qualquer respirar se torna a saudade. Saudade de ti, de quem - nele.
A confusão que se instala por querer outra forma de amar que não esta, que me agonia a vontade e me limita o desejo, porque te quero, em alguém que nunca és tu.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Efémero

Sempre achei que as palavras para serem ditas, tinham de se sentir e, remetendo ao destinatário, tinham de se merecer. Ao cruzar-me com a Poesia e, mais tarde, com o amor, comecei a perceber que no fundo tudo podia ser dito, a toda agente, onde e quando quisermos e que, infelizmente, as palavras não têm um valor eterno como pensava mas sim e apenas momentâneo. Hoje é isto, amanhã poderá ser diferente. Deixamos de sentir, deixamos de querer, tudo o que dissemos até então perde o sentido.
Quisera eu que assim não o fosse, porque mais uma vez surge o tempo, esse pecado com o qual nunca vou saber lidar. O tempo que apaga, que atraiçoa, que currói.
Hoje as palavras que te escrevo sentem-te, mas tu não as mereces. No entanto a Poesia agarrou-as e quer fazê-las existir. Porque é este o momento.


Efémero

Se a porta se fecha
Ao interior
Talvez a luz não saiba mais amanhecer
É das muralhas que me falas
Do que eu vivo
E logo exímio
É o redor.

Se de um filme faço as asas
Na resposta à lentidão
Os teus olhos sobre as casas
E o coro desfeito
Do perdão.

Se te enlaço no meu beijo
É o adeus que me enlouquece
O encerrar-te no desejo
Pela música,
Que me escurece.

Se me delineio
Por esse corpo
Se me assalto e sem querer
O tempo é só o Porto
Que embala,
Que penetra
Que possui
Para esquecer.



Folha_em_branco

segunda-feira, outubro 18, 2004

Coliseu do Porto @ foto de Sistermoonshine Posted by Hello

Beijo

Porque há coisas que nos marcam tanto...*

"Leva os meus braços
Esconde-te em mim
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim..."

quinta-feira, outubro 14, 2004

Cenário

Frio. Lá fora um novelo que se esbate do lençol entardecido pelo teu suor. Há esquinas que curvam as ruas para que o destino não seja sempre igual, como se a regra fosse seguir o traço que não se entrega ao círculo. Olhares vazios. As mãos, fechadas numa chávena que se entorna pelo desejo. Há lareiras acesas noutras vitrinas e é então que te esqueço. Cenário doentiu ou pendente em mim, nunca acontece quando quero e sempre é o que não digo. Exorciso-te quando descolo as páginas do livro e cada palavra foi aquela que não me disseste. Um trago ao interior da chávena, também ela se enche e se esvazia mais depressa que o tempo. Escrevo com o carvão quente para te queimar nos dedos e não mais beber os segredos que inventaste.
Deito-me. Há uma manta no chão onde me teimo e te esqueço, porque adormeço.

domingo, outubro 10, 2004

A Morte

Aprendi com a morte a paciência do tempo, uma paciência que sabemos ilimitada ou aquilo que chamam infinita. Mentir seria eu dizer que não esperamos, porque no fundo a espera faz parte da condição do tempo e, mesmo sabendo que a pessoa não volta, continuamos à espera de encontrá-la naquela esquina que sempre cruzava quando ia ao seu café, ou na longa mesa estendida sobre a família nos aniversários, no Natal, em todas essas datas que, com a ausência, perderam a magia. Por tanto esperarmos, ou por tanto querermos, não sei, existe um sopro em cada passo que damos e em tudo o que fazemos, ao qual intitulamos, humanamente ingénuos, de presença. Uma presença vincada em anjo protector que nos empoeira os olhos para sentirmos só mais uma vez quem amamos e já não está.
Hoje escrevo-te porque partiste e a tua ausência faz dos meus dias nevoeiro. E mesmo sabendo que não voltas, também eu te espero, em todo o tempo em que a paciência se fere e continua a vencer. Escrevo-te porque aprendi também com a morte que o tempo não cura nada, nem tão pouco nos apazigua a lembrança, cada vez mais precisa, cada vez mais urgente.
É no silêncio de mim própria que te grito e te choro para então, e aí sim, te desenhar mais uma vez em mim. E será assim. Sempre
Saudade*

sábado, outubro 09, 2004

Tanto de ti... Posted by Hello

quinta-feira, outubro 07, 2004

Curvas Desfeitas

Tantas curvas desfeitas
Que à noite se embalam
Entre as sombras pesadas
Dos poemas feitos estradas
As quimeras que enfeitas

Tantas vertigens jazidas
Ao leito do negrume
Quem me dera poder voar
Ficar, perceber
Quantas páginas eloquentes
Quase frentes
Pelo saber.

E pedir.
Mais perto a distância
Como o último reduto
E a última fragrância
Ao findar do toque
Por te sentir.


Folha_em_branco

terça-feira, outubro 05, 2004


Porto @ Parque da cidade Posted by Hello

domingo, outubro 03, 2004

Eloquência

Um verso que não diga por palavras,
Ou se palavras tem, que nada exprimam:
Uma linha no ar, um gesto breve
Que, num silêncio fudo, me resuma
A vontade que quer, a mão que escreve.


José Saramago in "Os Poemas Possíveis"