domingo, fevereiro 27, 2005

Último reduto




"Dantes existiam calhas esguias pelas mordaças
Peitos cançados de solidões revoltos
E cravos
Cravos nos teus olhos.

Será que o lá fora urgiu
Ou de todas as manhãs uma só noite
E rosas
Rosas nos teus gestos fugidios.

Que silêncio me esconde o medo
De todos os traços inumados na areia
Das asas as perdas ao vento
E o pensamento
O pensamento que nos teus dedos serpenteia.

Existia, se me lembro
A pressa dos verbos e dos beijos
E dos corpos despidos à liberdade
De repente só
E só,
O meu peito vestido de saudade."

_última voz_

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

"Uma amiga triste"

dor
D.O.R.
dOR
DoR
D:o:R


Encontrar

Perder

Ausência

Mentira

..Esquecer..

"É já tão tarde esta noite"

(Morte)

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Interrogação

Portimão @ 05



Interrogação

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.


Camilo Pessanha

domingo, fevereiro 20, 2005

How many...



How many times must I cry
How many times must I say
goodbye
To you
I´ve opened all the way
For you
It´s always just someday
(...)

...more times.

(...)
How many more times must I try
How many more times must I lay down
and die
For you
I´d lose mountains
And blue skies
But I can´t keep losing my mind
For you
How many more times...
Lisa Ekdahl
Prisão

sábado, fevereiro 19, 2005

Pensamentos

"O coração que acorda não recorda a dor que o adormeceu..."
Inês Pedrosa in Expresso 19.02.05
Reflexo
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"...faz frio cá fora, faz tanto frio cá fora..."
Da Weasel in Re-Tratamento

Dever

Votem...

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

"Amante fugaz" - Am I?

Hoje vou falar-me neste post, como sempre o faço sem nunca o dizer. Preciso de perceber. As pessoas, sim, porque a vida de todos nós é, antes demais, feita de inúmeras personalidades, sorrisos, acções, de pessoas, ou de gentes, conforme. E das pessoas surgem as relações, o contacto, o tacto, a amizade, o amor…
E quando falo de amor, deslizo ou, cristalizo na palavra, como se o verbo me prendesse a uma ignorância que temo vencer. E porque temo, se tudo o resto enfrento?
Há pessoas que passam por mim carregadas de magia, de um brilho exímio que me ofusca a visão mas não me preenche. E elas lutam, e derramam mil rosas sobre o manto, dizem poemas quase sem nexo para me poder tocar e eu nunca chego a ficar. O mais grave de tudo isto, não obstante da dor, é a consciência de que isto acontece. Eu sei. Eu sei tanta coisa que não aplico a mim. E os outros dirão tanto de mim que eu não sei!
Logo após o campo de rosas vem a nuvem negra, mal formada, anónima num mistério que me dói, mas que experimento, quase num acto masoquista. O resultado é o de sempre, mas parece que é no de sempre que insisto em permanecer. Onde nada fica, onde nada se constrói. Compreender ou deixar andar?
Perco tanto no tempo que passa e me diz tudo o que já sei, sem saber ser. Perco pessoas. Perco-me a mim nas pessoas. Ainda há pouco te olhava e no contorno do teu cabelo desenhava em mim o calor de um corpo que voou. E nunca estiveste, mas eu gosto de ti assim. E porque gosto se não estiveste? Será por não teres estado? Será promessa esta paisagem de só ser mulher para quem contorna as paredes do quarto, sem nunca entrar?
Talvez tudo isto o sinónimo do medo. Talvez seja eu mesma.
E custa tanto ser assim…
.
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.
_
"...Tanto orgulho ferido, tanta paz por vencer,
Ás vezes detesto o que resta de mim
Sempre longe do mundo sempre perto do fim...
Eu só quero que tu saibas quem sou
Ter a certeza de que o meu tempo chegou
Quero que me digas para partir ou ficar...
.
E se eu voltar!
.
_
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P.A.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Meu indelével Porto...

Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.

Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança ou o calor
de uns dedos com restos de ternura.

Meu indelével Porto... @ Taken by Sister


Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia.

"Canção Breve"

Eugénio de Andrade

sábado, fevereiro 12, 2005

Touch

Without your touch I've been lost without the things I love
Without your kiss I've been dreaming of the things I miss
Your eyes, your mouth, your lips, your touch
Your eyes, your mouth, your face, your touch
Who am I (Who am I)
I'm not to tell (I'm not to tell)
Of what would be (of what would be)
No one knows (Still)
Who am I (I need to know)
I'm not to tell (What time itself)
What would be well (will really show)
Let it be ...

Taken By Vanessa Pelerigo


Each day we miss
I remember times I used to kiss
Your mouth, your eyes, your face, your touch
But who am I (Who am I)
I'm not to tell (I'm not to tell)
Of what would be (of what would be)
No one knows (Still)
Who am I (I need to know)
I'm not to tell (What time itself)
What would be well (will really show)
Let it be

(Still,I need to know
What time itself will really show
Still, I need to know
What time itself will really show)
And I say...who am I?"...

Seal - "Touch"

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

* 8 *

Vambora...


Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
P'ra mudar a minha vida
Vem vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva
.
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz
.
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas.
.

Adriana Calcanhoto


Tinha de ser teu este post, como há muito todos eles o queriam ser. Desculpa-me as horas de uma liberdade louca em que não sei ser mais do que aquilo ao qual já me habituei. Perdoa-me as ausências que me perseguem e me condenam à madrugada, tantas vezes urgente áquele silêncio que tu sofres e sabes tão bem.
Desculpa. Quando desisto.

*<3*

domingo, fevereiro 06, 2005

Tento...

Taken by Babaiga


Tento ter a força para levar o que é meu

Sei que às vezes vai também um pouco de nós

Devo concordar que às vezes falta-nos a razão

Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós

Vem fazer de conta eu acredito em ti

Estar contigo é estar com o que julgas melhor

Nunca vamos ter o amor a rir para nós

Quando queremos nós ter um sorriso maior (...)

Carlos Pac Nobre/Manel Cruz @ Casa (vem fazer de conta - Da weasel)

sábado, fevereiro 05, 2005

Fuga

Há dias em que me apetece fugir,
fugir para longe,
onde se escondam os sóis,
desaparecer por trás
da curva da estrada,
fugir para lá de um infinito,


Carcavelos@05
horizonte de cópulas
fulvas,
de pássaros imensos
curvando as asas que
se afogam no mar.
.
Há dias em que me apetece fugir,
enganando os caminhos da alma,
deitar-me a perder na escuridão
mais vasta,
desaparecer no murmúrio
de um qualquer vento irado
e deixar-me despejar,
perder o rumo dos bocados
que deixo perdidos
sem os saber nunca
achar de novo.
Alexandra Malheiro
in
"Pelo inverso"
.
...Porque a poesia na voz tem outro encanto.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Reencontro

Não me mintam, eu sei que nunca se esquece. Contorna-se. Hoje voltei a encontrar-te. Foi sem querer..

Sentir de novo, aquela dor.
A pouco e pouco respirar
aquele amor que foi
vivido e esquecido em segredo,
como ninguém.
Perdoar,
como perdoar.
Há tanto tempo que eu queria mudar,
queria voltar.
Acordar,
deixar o dia passar devagar
assim ficar.
Sentir de novo, aquele amor
a pouco e pouco consolar
aquela dor que foi
vivida e sofrida
em silencio.
Chegar de novo, sentir o amor.
Voltar a casa sem pensar deixar a luz entrar
esquecer aquela mágoa sem ter medo,
como ninguém.
Encontrar,
poder encontrar
todas as coisas que eu não soube dar
saber amar.
Perdoar,
saber perdoar.
Há tanto tempo que eu queria mudar,
queria voltar.
Aceitar,
deixar que o tempo te faça voltar.
Saber esperar.
.

.

"A casa"

in Alma Mater.

Rodrigo Leão