sábado, dezembro 23, 2006

Subitamente surge. Tem o teu rosto.

Nem os dias longos me separam da tua imagem.
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos
horizontes. O perfil cinzento da montanha,
para norte, e a linha azul do mar, a sul,
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo
o silêncio para que dele possas renascer,
sombra, e dessa presença possa abstrair a
tua memória.
olhares.com






É isto, porém, que

faz com que a solidão não seja mais

do que um lugar comum saber

que existes, aí, e estar contigo

mesmo que só o silêncio me

responda quando, uma vez mais

te chamo.

Nuno Júdice

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Hey...

Vi hoje esta publicidade da Yourn num daqueles postais que circulam por aí e achei genial...

"Anda cá. Tens dois minutos? Ou fazem-te falta? Mais loucura. Mais malucos. Não os grandes malucos mas os verdadeiros e as verdadeiras. Aqueles que perdem tempo para falar com os pombos; que vêem quadros onde os outros só vêem paredes; os aventureiros e as aventureiras que acreditam, ainda, haver qualquer coisa no fim do arco-íris. O verdadeiro poder é tu decidires o mundo à tua volta; questionar o estabelecido, as certezas e os costumes, para acreditar que tudo pode ser diferente. É preciso mais absurdo, mais ideias insensatas. Cinco bailarinas a jogar à bola de tutu cor de rosa. Passeios cobertos com relva e flores. Ou, muito simplesmente, trepar a uma árvore quando te apetece. Tu é que mandas. Se gostas de música pirosa, gostas e pronto. queres cantar alto no meio da rua, deixa-te ir. Se preferes não dar muito nas vistas, anda nas calmas. É preciso rirmos e dançarmos e darmos abraços e beijinhos. O importante é levarmos tudo mais a brincar, até as coisas sérias."

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Uma vida

"Amo-te Porto"

(...) Deste lado o teu lado também. As mãos suadas de lágrimas que espreitavam o tudo que treme. Desculpa se de repente a vertigem eras tu, ao fosso oblíquo deste querer estar, deste querer ser-te. O corpo engalfinhado com os pilares de pedra, as escadas roídas ao ruído desfeito. Deste lado a cidade somos nós. É o teu contorno.
Eu que cruzo todas as peles e não és tu. Eu que te quero e não sei como.

C.