sábado, julho 30, 2005

Memória

Abraço
À nopia,


Porto @ Taken by nopia

Aqui, neste papel, (a minha carta
leva um pedaço do meu coração!)
juro in aeternum: - Nada nos aparta.
Nem o silêncio, nem a escuridão.

Ambos nascemos junto ao mesmo rio.
E vimos, ambos, sempre o mesmo mar.
Por isso o nosso cântido tardio
diz que "sofremos, sim; mas devagar..."

(...)


Pedro Homem de Mello


sexta-feira, julho 29, 2005

"Não partas, então..."




Como nos despedimos de quem amamos?...


No, i don’t want to say goodbye

I can see the fear inside your eyes

It’s so hard to walk away

I know that this feels like the end

Life never seems to let you win

But i’ll be back someday

I’m already missing you but i’m not even gone

In time we’ll be together again

And it won’t be long

Now everything goes up and down

And the world keeps spinning round and round

And still you’re waiting there

I’ll try to make it another night

And dream of you when i close my eyes‘cause i’ll be back someday

Now...

Just hold it in, don’t let it go

You’ll always live inside my soul

"I can't live this life
Without you by my side
I need you to survive
So stay with me
You look in my eyes and I'm screaming inside... "
Evanescence

terça-feira, julho 26, 2005

Música que nos une

A sala de concertos sempre foi para mim uma espécie de Laboratório com retortas de som e complicados sistemas de ouvidos de névoa para cristalizar a Poesia. Ali, em comunhão passiva com os outros, a sentir o bafo atento das mulheres e dos homens (todos no fim de contas a ouvirem-se), a musica - por mais que eu me intimasse: ouve apenas!, não sonhes!, não imagines! - sempre me suscitou ideias, improvisos, palavras com sentidos de fontes, reportagens poéticas, exercícios, enredos mentais. Poemas, em suma, que geralmente nada têm a ver com as peças tocadas.
Só por acaso coincidem. Nem poderiam coincidir, porque são a minha antimúsica.



A uma presença muito especial,
Que me importa que chova ou arrefeça
À minha passagem
se trago na cabeça
a ideia do luar
que estendo na paisagem
quando a noite chegar?
(E não há luar mais belo
do que esta música de concebê-lo.)



E no ar
o raio de sol que zumbe
a melodia de não haver trajectória...
Depois a carícia de pensar na morte.
Tudo parado.
Fixo.
Silêncio com memória.
José Gomes Ferreira

domingo, julho 24, 2005

Afinal...

Sempre amarrados à contagem decrescente, como se as horas tivessem de fugir. Era só mais uma hora, depois menos, sempre menos que o tempo suficiente para nós. Era difícil olhares-me. E depois eu tocar-te, sempre odiei despedidas.
Nunca fui boa com as palavras. Nem tu com os gestos. Nem depois do abraço reforçamos o beijo. Tinhas medo. Eu também. Há momentos que se vão desenhando sem querer e hoje trago-te perto demais, quase eu. Quase tu.
Já não há tempo, vai. Não me deixes nada do que te dei, do que me deste. Nem o tempo, essa vertigem agonizante que me faz lembrar-te.


Foto retirada de Olhares.com


Eras tu a falar para esconder a saudade
E eu a esconder o que não se dizia
(...)
Desviando os olhos por sentir a verdade
Choravas a certeza da mentira
Mas sem queimar demais
Sem querer extinguir o que já se sabia
(...)
Mais perto,
onde se contam historias que nos atam
Ao silencio dos lábios que nos mata
Eras tu a ficar por não saberes partir
E eu a rezar para que desaparecesses
Era eu a rezar para que ficasses
Tu a ficares enquanto saias
Não nos tocámos enquanto saias
Não nos tocámos enquanto saímos
Não nos tocamos e vamos fugindo…

Toranja





sexta-feira, julho 22, 2005

Dias que passam




- Fim (dias que passam) -

Neste infinito fim que nos alcançou
guardo uma lágrima vinda do fundo
guardo um sorriso virado para o mundo
guardo um sonho que nunca chegou
Na minha casa de paredes caídas
penduro espelhos cor de prata
guardo reflexos do canto que mata
guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
guardo os defeitos que me atam ao chão
guardo muralhas feitas de cartão
guardo um olhar que parecia tão perto
levo-te a ti... levo-te a ti para sempre comigo...
Toranja

domingo, julho 17, 2005

Golpes de solidão


Que falta que me fazes mesmo antes de partires...

Foto de Catarina Preto retirada de Olhares.com



Há golpes de solidão que me ferem as mãos
Paisagens estreitas na estrada
Há razoes inversas que usam o perdão
E, depois, a espera já perto da Afurada.

Rompendo os olhos negros
Chamaste-me de ti
Como camas rasgadas em busca dos segredos
No meu peito suados enquanto te morri.

Calando a poesia
Há fantasmas abertos em cada telha do chão
Há misturas do meu corpo no que o teu
Há-de ser
Dentro de mim sem amor
No mais que demais em que as nossas mãos
Não param para se ter.
Folha_em_branco

sábado, julho 16, 2005

Poema sem lugar

Esqueci o teu sabor,
Não sei se por vencer
Palavras que na dor
descobrem a mulher.
Levei-te até ao fim
Deixei-me despertar
Como distância em mim
Poema sem lugar.




E por cada noite mais

brilham dias por nós,

Que importa onde estás...

O grito, o som, a voz!

.

.

Pedro Abrunhosa

terça-feira, julho 12, 2005

O tempo que faço teu

Tão intenso... há momentos tão intensos na música que quase sufocam.
A quem me conseguir ouvir,




Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo


Carlos Tê

segunda-feira, julho 11, 2005

Nothing in your way

Ainda ontem me antecedias, enquanto suspirava, e já as calhas chiavam o amanhecer. O pior de tudo isto é repetir os dias em gentes que passam para o café, ser mais um ou, talvez, ser aquele mesmo. O que difere, à pausa estreita e longa entre o galão e o jornal, virgem nas manchetes já violadas. O que sobressai, dos passeios molhados tantas vezes escritos, como se uma última voz quisesse saborear os passos e tanto como eu, não saber deles.
E o pior de tudo isto é sempre isto, o avesso das horas encalhadas no tempo, como se os rodopios e as pressas paradas mudassem o teor dos dias, ou fizessem do caminho melhor.
Afinal respiramo-nos, ou dentro de nós um outro que rompe.
Balanço os meus olhos onde o de ti começa, sem parar de acontecer por amor. Há dias em que até as lágrimas me parecem um lugar estranho, vadio, vindo de longe para logo depois partirem. E apesar de tudo, sei que quando já não houver nada, tu ficarás, mesmo que no sangue pisado por detrás de todas as ausências possíveis no termino dos meus dias...




Turning tide

Lovers at a great divide

why d'you lie

When I know that you hurt inside?

And why'd you say

It's just another day, nothing in my way

I don't wanna go, I don't wanna stay

So there's nothing left to say?

And why'd you lie

When you wanna die, when you hurt inside

Don't know what you lie for anyway

Now there's nothing left to say

A tell-tale sign

You don't know where to draw the line

And why'd you say

It's just another day, nothing in my way

I don't wanna go, I don't wanna stay

So there's nothing left to say

And why'd you lie

When you wanna die, when you hurt inside

Don't know what you lie for anyway

Now there's nothing left to say.

.

.

Keane

sábado, julho 09, 2005

Preciso-vos


Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-te que sejas o presente.
Peço-te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.
Sophia de Mello Breyner Andresen




Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes
A vocês, espaço em mim onde tudo se torna encantadoramente possível. Pelo regaço, pelos anos sobrepostos à maré da minha solidão. Gritos que vos são tão familiares, pedaços de nós repetidos na imaginação.
C.

quinta-feira, julho 07, 2005

ATENÇÃO: Taxis do Porto

Todos nós, certamente, já apanhamos muitos Taxis nos mais diversos sítios e pelas mais diversas razões. Também eu já o fiz, e como é de conhecimento geral, nunca se sabe muito bem que tipo de taxista ou até mesmo de taxi nos pode calhar. Uns mais simpáticos, outros nem por isso, sempre naquele medo bizarro de sermos enrolados numa daquelas histórias que se pintam nos jornais.
Agora imaginem vocês o que seria, um belo dia, numa rua qualquer da cidade, apanharem um Taxi que, para além de confortável, ainda fosse conduzido por uma Mulher, extremamente interessante, bela, carregada de poesia e de "estórias de encantar"...
E para além de tudo isto, um som familiar, mais tarde U2, a rolar num timbre indelével que se estreita por detrás do amanhecer da voz, conjugada em tom de trombone.
O truque reside ali, na esquina da rua Breiner em Cedofeita, aquando presos a qualquer pensamento mais terno. Eis quando surge o tal Taxi.

TaxisDoPorto





Like a song I have to sing
I sing it for you.
Like the words I have to bring
I bring it for you.



Some days are slippy, other days are sloppy;
Some days you can't stand the sight of a puppy.
Your skin is white, but you think you're a brother.
Some days are better than others.
Some days you wake up with her complaining.
Some sunny days you wish it was raining.
Some days are sulky, some days have a grin;
And some days have bouncers and won't let you in.
Some days you hear a voice
Taking you to another place.
Some days are better than others.

Listen to me now
I need to let you know
You don’t have to go it alone



If I could stay
Then the night would give you up.
Stay
Then the day would keep its trust
Stay and the night would be enough
Faraway, so close
Up with the static and the radio
With satellite television
You can go anywhere
Miami, New Orleans
London, Belfast and Berlin
And if you listen
I can't call
And if you jump
You just might fall
And if you shout
I'll only hear you.




Is a beautiful day
Don't let it get away
A beautiful day
Touch me,
take me to that other place
Teach me,
I know I'm not a hopeless case...
U2

Taken by X. @ Majestic
Doi-me um não sei que de razão
Aquando dos jornais lá fora estridentes.
Procuro algo no chão
Para semear
E outra forma de suporte não seria
O teu corpo descrito no ar.

Perdi-me, confundi-me, esqueci
De levantar os mendigos à noite
De balançar as sombras que teci
Elas espalham-se por todo o lado
E todo o lado é menor
Como o teu corpo vincado
Ao largo do amanhecer
E é na espuma que se esconde
No beijo de virgem, quem rompe
Saudades nuas de prazer.
St Catarina
C.

terça-feira, julho 05, 2005

Não partir nunca

Estoril @ Taken by X.

Era mais ou menos esta luz que desfilava entre os nossos dedos,
cheios de medos, em paralelo.

Era mais ou menos esta a cor,
cheia de dor, em que ficavas ceifando a água para beber.

E eram mundos tão distantes, tão iguais, ao encontro dos braços que viajam contigo

Será,
que algum dia vou voltar a esta paisagem sem o olhar de quem morre no vão estreito da miragem.


"Ah se eu pudesse não partir, eu ficava aqui contigo..."

segunda-feira, julho 04, 2005

--,-<@ Parabéns @>-,--

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Podes decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza de que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz....

Miguel Torga

Ao dias que por nós têm passado e que vamos tatuando na pele, muitos deles como memórias inegualáveis. Ao dia de hoje, por ter sido o primeiro de todos os outros os quais te agradeço por deles fazer parte também.
Parabéns, Amiga!


De que servem os lugares escritos
Descritos nas mãos que não se agarram
Se amanha não virás e os trajes que vivia
Se consomem e se apagam.

De que são feitos os silêncios sem ti
Tu que rasgas a ilusão
Tu que me dás o tempo
Sem ser tempo preso ao chão.

De que voltas
Se o mar é sempre azul
E te enrolas na poesia
Mais indelével que a luz
Que te trago do Sul.

De quem, esse teu olhar
Que risco quase em sangue
Se a dor me quiser
E torno sempre mais longe
O beijo de despedida
Para em ti permanecer.

C.

domingo, julho 03, 2005

Suicídio

Francesca Womman

Chaga
by Manel Cruz, Peixe

Foi como entrar

foi como arder

para ti nem foi viver

foi mudar o mundo

sem pensar em mim

mas o tempo até passou

e és o que ele me ensinou

uma chaga pra lembrar que há um fim

Diz sem querer

poupar meu corpo

eu já não sei quem te abraçou

diz q eu não senti

teu corpo sobre o meu

quando eu cair eu espero

ao menos que olhes para trás

diz que não te afastas de algo

que é também teu

não vai haver um novo amor

tão capaz e tão maior

para mim será melhor assim

vê como eu quero

e vou tentar

sem matar o nosso amor

não achar que o mundo é feito para nós

Foi como entrar

foi como arder

para ti nem foi viver

foi mudar o mundo

sem pensar em mim

mas o tempo até passou

e és o q ele me ensinou

uma chaga

pra lembrar que há um fim.

sábado, julho 02, 2005

Music



Music sounds better....

...with you.