segunda-feira, novembro 29, 2004

Foz Indústria Pop

Vogue Majestic Poesia Nova Era Estado

Novo Matosinhos Quim João Marginal

Beijos Madrugada Pontes Amizade Poesia

Abraços Notícias Pedras Solidão

Escadas Escondidinho Coliseu Serralves Via

Rápida Act Mar Verdade

Ribeira Antas Cafés Patins

Tardes Trânsito Chás Chocolate quente Ruas

Fotografias

Despedida
.............
.........

Saudade*

Estação de Metro da Trindade @ Desenhos de Souto Moura @ Porto Posted by Hello

sábado, novembro 27, 2004


Hoje dou-vos um post diferente. Não algo que tenha sido escrito po rmim, não algo dirigido a alguém, mas apenas algumas palavras e uma foto que formam um post que me foi dado como descrição de algo muito íntimo...



"Tu eras uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A príncipio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."


Pablo Neruda





Obrigada* Posted by Hello

"Quanto pó...?"

Vazio... é o que sobra quando depois de tanto só a paz tremida repousa sobre os ombros. É madrugada, falo sempre da madrugada mas nela insisto até o sempre o permitir. Espaço onde me deito tão próxima de mim, como se ficasse, como se doesse.
Nada... nem o silêncio será silêncio enquanto o teu grito mudo me assaltar. Apetece-me ser as tuas mãos enquanto me pedes algo que exista... e eu não posso.
Pessoas, trabalhos, pedidos, gestos, congressos, e de novo pessoas, ou gentes, ou animais... sombras. Tantas foram as sombras que se usaram das pegadas para desenhar os meus passos.
Desisto... é tarde. Ouves-me?
Ensina-me a amanhecer.

segunda-feira, novembro 22, 2004

I don´t want to run away, but I can´t take it... Posted by Hello


"Gostaria de dizer o que foste, o que és, o que sempre serás para mim, Não tenho jeito. E nem sequer é preciso. Tu sabes. Sempre soubemos..."

Manuel Alegre
in
Terceira Rosa


Muito obrigada...por tudo.

*Dmtu*


sábado, novembro 20, 2004

Posted by Hello

Chove. Avançam as tábuas de madeira que sempre rangem entre o covil e a madrugada, enquanto alguém me traz um chá numa caneca. Há certamente um tempo definido para que eu esteja aqui a escrever, mas não sei já quantas vezes respirei desde que me acolhi aqui. Faz frio. Trazem-me também uma manta, daquelas retiradas de baús enormes e distantes aos olhos das nossas aparições. As palavras acontecem e desaparecem como balas trazidas no peito e todos os momentos são agora enormes para se escreverem. Relembro-vos, sempre mais do que uma vez, sempre de forma igual. É na magia deste encontro que me estendo a uma solidão habitada por tantas vozes que me despertam aos dias, para que não deixe de existir.
Por detrás da cortina o pavor de um mundo enorme, cheio de esquinas e tão inebriante como o chá é saber-vos em todas elas.
Que terei eu tanto para escrever, se dos lugares que trago só o teu beijo. Que verdades me assaltam quando ao amanhecer o medo adormece e a manta se esfria…
Parou de chover.

Posted by Hello



"Every breath you take
Every move you make
Every bond you break
Every step you take
I'll be watching you

Every single day
Every word you say
Every game you play
Every night you stay
I'll be watching you

O can't you see
You belong to me
How my poor heart aches with every step you take

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you

Since you've gone
I been lost without a trace
I dream at night
I can only see your face
I look around but it's you
I can't replace
I keep crying baby please
Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you"

Sting
Every Breath You Take

quinta-feira, novembro 18, 2004

...Porque há dias em que as palavras nos rasgam os dedos e quase se atropelam na ânsia de nascerem para alguém. Desses medos exorcisados, alguns instantes...


"Fico ali, o tempo que for preciso a imaginar aquele tímbre confuso na dor da doçura, como se a tua voz fosse todas as vozes e só existisse o teu sorriso em todos os sorrisos, o teu choro em todos os choros. Dizem-se palavras banais, quase inventadas para preencher o nada e o nada serem. E nenhuma palavra é tua ou serás todas elas. És as pausas e o artifício, o medo do fim ou do recomeço sem ti. Respondo quase verdade, como se o pensamento se separasse do corpo que te precisa.
Toca. Continua a tocar e não és tu, não serás tu, mas é o teu toque.
E para sempre só o teu toque."


"...a certeza de que posso morrer de ti, eu que tantas vezes me esqueci dos teus olhos nas mãos que me beijaste..."

"....não chegamos a tempo de amar ou o tempo partiu depois da dor...."

"São os dias que se ganham a observar os desfiles das personagens que surgem sábado à tarde no Majestic, trazendo um caderno meio escrito meio apagado e um livro que absorve cor debaixo do braço. Um chapéu mais ousado, um olhar de poeta secreto e um cimbalino que fala. Talvez entre por aquela porta o pianista, ou a mulher dos olhos cor de mar com que me cruzei há pouco em Sá da Bandeira. Talvez a minha solidão não seja assim tão só aqui, nem os pássaros tão distantes, neste rio que voa as minhas asas."


"Desde já a madrugada e um compasso
Se for hoje a minha ida além
Serão dos meus olhos o teu silêncio
Farto em cansaço...
...esse silêncio,
Que dizes ser meu também."

C.

...



terça-feira, novembro 16, 2004

Reflexos

Posted by Hello
Porto - Lisboa @ Janeiro 04



"Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia...

(...)

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram."



José Carlos Ary Dos Santos
"Estrela da Tarde"

domingo, novembro 14, 2004

Procura...

Pedido Posted by Hello



Há dias em que avançamos os passos pelas ruas que nem chegamos a conhecer. Procuramos a paz de uma muralha já desfeita e mesmo assim achamos que um pouco mais à frente há uma luz que nos ajuda a vencer. Nem sempre é certo, mas o que nos impede de fingir que o sonho pode Ser?
Hoje calcorreei todas as ruas e todos os becos sem sair detrás deste ecrã. Procuro o tudo sem me cansar para poder existir de alguma forma. Recolho palavras e apago os som, quantas vezes despido para me ter.
Que rosto atrás desta janela, para além da parede que separa o toque e beija a manhã. As mãos envelhecidas como as cortinas que deslizam a minha dor e tudo se estreita à incógnita pausada.
Já nada que sejas tu, na presença constante que me cruza a janela...entreaberta.


"Sabe bem
Ter-te por perto
Sabe bem
Tudo tão certo
Sabe bem
quando te espero
Sabe bem
Beber quem quero...

(...)

Não me lembres o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembres a Lua
Nem nada que se escureça

E se um dia eu me sinto tua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso, não sai da cabeça..."

Donna Maria

_Quase perfeito_

quinta-feira, novembro 11, 2004


_____A Alguém, por quem as horas se ajoelham já sem mim.______

... Quase madrugada

Derivados todos os sentidos
Porque os sentidos se perdem
Mais do que os destinos
E todos os destinos que assombram
As chamas que se espantam
O que as esperas trazem de só
E o que relembram.

Vivam as ruas dessas ruas o teu silêncio
Antes de se saber pela calçada
Foram olhos e folhos de névoa
Quase madrugada…
Quem provou dos meus lábios
Sem eu sentir
E quem
Fez dos quadrantes astrolábios
Para o tempo existir.

E quanta espera, quanta?
E quanta mágoa se embriaga da ausência
Que rastejas,
Sempre que por ti encerro a saudade
Numa verdade
Em que Sejas.


C.


Fotografia tirada através de um rasgão numa folha de papel @ Foz do Porto Posted by Hello

terça-feira, novembro 09, 2004

"Eu Hei-de amar uma pedra."

Sente... Posted by Hello

"É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros".

António Lobo Antunes
in
Diário de Notícias 9.11.04


"...relógios de ponteiros ao longo do corpo desinteressados do tempo..."

António Lobo Antunes
in
"Eu hei-de amar uma pedra."

domingo, novembro 07, 2004

Utopia
.

.
Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia.
Todas as aves partem para o Sul
todas as aves: como a poesia.

.
.
Manuel Alegre

Alentejo Posted by Hello

sexta-feira, novembro 05, 2004

Existem momentos de profunda solidão, principalmente em quem se espraia nas folhas em branco. Há ali um tempo, antes do acto da escrita, em que a confusão se instala e a folha se ergue só, altiva, e nos atormenta os sentidos, quase medo. Aí, nesse instante, há a força turva de um profundo vazio que mais tarde será poema, ou prosa, ou somente os dedos estampados em sangue.
Sabes... este blog é-te, em parte, dedicado. Por muito mais, mas também por isto, por Seres em mim através das palavras que me dizes, dos momentos que nos fazes acontecer.
"Sós" foi o título que deste ao poema que me escreveste e do qual vos deixo aqui uma parte. É especial, muito especial na medida em que se tornou quase um hino às minhas pausas de solidão. E exímio, por nele te sentir presente, sempre... e por isso menos só.
Obrigada A.M.
...
..
.
Sós
(...)
Porque somos sempre nós,
só nós
por dentro de apenas
nós,
pouco mais que
silêncio e solidão.
.
E é em nós,
por dentro sós,
tão sós,
que o tempo encontra
o chão onde pousar,
como um vento só
que sofre
sem ter onde soprar.
.
Porque somos nós,
só nós,
sim que somos
sempre sós dentro de nós,
apesar da multidão...
(...)
.
..
..
A.M.

"Sós" Posted by Hello


quarta-feira, novembro 03, 2004

Há quem surpreenda com Pastéis de Belém...;)* Posted by Hello

Lua Posted by Hello

Fascínio

É inevitável. Sou, vivo e parto pelas pessoas e através delas. É mais o que me dão do que a mágoa que possa algum dia ter ficado. Fascina-me o ser humano, com todas as suas curvas ou miragens, os cheiros das gentes, as palavras ditas ou não, a forma de comunicar, de olhar, de sentir, de reagir. É um mundo inebriante que se esbate nas pedras da calçada para em mim reflectir. E ao reflexo sou eu quem sabe dizer o nome de todos vocês, pessoas, sonhos, sempre presentes em mim.
Há dias em que depois do chão só as vossas vozes me devolvem à claridade. Hoje, quando eu me esqueci do caminho e tu, e ele, e ela, souberam-no.
Será que vos consigo dar o tanto que me dão?...

Muito obrigada.

"Quando um beijo não basta..."

Sentir,
o que não sei...
porque apetece ferir e partir
o mundo em redor.
Gritar,
Do beijo à dor - até que,
o sonho acabe, sem que saiba.
Raiva, talvez...
...raiva de tudo o que mexe
por me tocar
e desvendar
o que condeno em mim. Eu não sou assim.
E já nada me encontra, me perde...
nada me sou.

Capa do Disco Posted by Hello

terça-feira, novembro 02, 2004

Donna Maria

A Música foi sempre para mim um espaço enorme entre a presença e o fascínio, desde cedo coberta de imagens e cheiros que me acompanhavam todos os momentos e todos os passos que sempre damos ao longo do tempo. Pode mudar a linguagem ou o estado, pode ser outra a cidade ou as mãos já envelhecidas. Passam as pessoas e é a Música que fica, sempre, seja ela qual for, como um símbolo eterno da breve passagem de todos nós por aqui.
Relembro hoje todo o percurso musical de que fui alvo, o Piano pelos dedos da minha avó às quartas-feiras à tarde, o adormecer diário enroscada no meu cão ao som da guitarra que o meu pai faz doer ou, até quem sabe, os eternos concertos de música clássica pelas Igrejas da Cidade, que na altura intitulava como enfadonhos e maçudos e, hoje em dia, agradeço por me terem dado a oportunidade de deles desfrutar.
Larguei o Piano, instrumento que aprendia na altura, com o pavor de ao avançar perceber que a música era parte de mim sem que eu conseguisse desvendar o seu Universo. Cobardia, eu sei, mas o que é certo é que a minha ternura a esta arte me faz temer a sua aproximação, como se a incógnita fosse, neste caso, mais fácil de suportar.
A vida dá, no entanto, muitas voltas e eu não fugi à regra. Acabei por me ligar mais ao mundo musical do que pude alguma vez imaginar e, embora na penumbra, percebê-lo e senti-lo um pouco mais de perto.
Não tenho nenhuma banda, não canto, nem tão pouco tenho a tal coragem de voltar a sentar-me em frente a uma pauta e deslizar os dedos pelo Piano, mas continuo e continuarei sempre o mais presente possível em quem tem coragem para o fazer.
É por isso que, hoje, aqui neste espaço, vos apresento aquela que penso que vai ser uma banda com muito sucesso. E não me refiro com isto a sucessos de bilheteiras, que esses também o Tony Carreira tem, refiro-me ao sucesso da aposta, da diferença, da luta pela imposição de um estilo, de uma personalidade.
E faço-o porque acredito, porque vi e ouvi as tantas noites de Templários em que o tempo cresceu e hoje se pode tornar eterno. Na Música.
Eles são os Donna Maria e dizem-nos que "Tudo... é para sempre" a partir de 15 de Novembro.
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Donna Maria é, sem hesitação, um dos mais interessantes projectos na moderna música portuguesa. Miguel Ângelo Majer soube ler as diversas realidades musicais, entre a urbanidade contemporânea e a tradição secular de, por exemplo, o fado e/ou a música popular. Desta junção estética, que nunca chega a ser "fusão", porque o todo é muito distinto das partes, nasce, não um pretensão de originalidade, mas uma sonoridade coerente com uma postura, essa sim, diferente na indústria musical nacional. E talvez o mais importante nos Donna Maria seja, para além de cada vez mais rara coragem ao honrarem a língua portuguesa, veículo fundamental para se distanciarem demodas, o facto de comporem canções no mais estrito senso da palavra: todas elas funcionariam desprovidas da produção que aqui, embora nunca se sobreponha ao formato, nos faz subetender que por baixo do instrumental subjaz uma melodia e um poema que funcionariam perfeitamente com voz e piano. Esse é o futuro da Pop portuguesa. Por ele passa indubitavelmente este surpreendente projecto.
Pedro Abrunhosa
(primeiro avanço do texto/análise que vai ingressar o booklet do CD)