sexta-feira, março 31, 2006

Serenidade


Roma @ 2006
Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso.

Maria Teresa Horta

terça-feira, março 21, 2006

Saída de emergência (o respirar...)

Ao nosso querido Porto.

Eu que... "Tão cedo amei de ti todas as coisas..."

Alexandra Malheiro


Manhã de Maio

.

Na padaria da esquina

Alguns, poucos clientes

bebem meia de leite e comem

Regueifa quente com manteiga...

Sais para a rua

ainda deserta

à espera de sentires nos lábios

o primeiro beijo da manhã.

Jorge Sousa Braga

in

Porto de abrigo

domingo, março 19, 2006

...força que me abandona.

Há momentos em que nada nos faz sentido. Em que perdemos coisas que não sabemos, mas que amamos, sem que nunca nada nem ninguém nos responda ao porquê. Gostava de adormecer quantos sonos precisos para mudar a pele que dói, que arde em dúvida de querer existir. De mudar o erro, a culpa que me acaba.
Há momentos tão sós quanto perto do fim, em que até o caos se torna deserto.
"Todo eu sou qualquer força que me abandona."


Porto @ Foz

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Alberto Caeiro

quarta-feira, março 15, 2006

A solidão do estúdio

olhares.com

E desfilar em tudo aquilo que há uns anos era utopia e hoje se tornou real. As horas que eu passava atrás das câmaras, entre os fumos e os compassos do tempo certo para ir, para parar a tentar adivinhar quem era quem e o que faziam. Normalmente davam-me um chocolate e uma garrafa de água “É patrocínio” diziam, e eu sei saber muito bem o que é que isso queria dizer. Mas era giro, tornou-se viciante. As luzes cada vez mais precisas, o cheiro do estúdio dormente que vingava paralelo às vozes das meninas de cristal. Os fios, atropelando o chão para que chegassem a tempo do plano, da imagem íngreme ao medo dos teus olhos. Mas isso não se mostrava, ninguém via. Só as mãos molhadas do suor de tudo cravavam os cenários sem graça, sem cor enquanto negros. De todas as vezes, todos os sonhos. Todo o ideal estampado no meu rosto de que um dia seria também um pouco daquilo.
Hoje fui. Esse dia chegou e há a mesma magia tatuada, qual desejo tardio, à margem do produto final. Fui tempo no tempo que nos faltava para que a música e tudo aquilo que a lançasse saísse na perfeição. Telepontos rodados, guitarras soltas na maré das vozes. Imagens, os instantes que relembram que o lá fora existe e tudo aquilo não é só desejo. O Fim. A nua e crua sensação de solidão ao estúdio enorme, vazio, quando os flashes se derramam e as luzes se apagam sobre o chão pisado. E mesmo assim é belo.
O silêncio, a imagem de tudo enquanto tu ainda estás.


E para sempre tudo isto outra vez

“Adeus… não afastes os teus braços, dos meus…”

sábado, março 11, 2006

"Asking me why"

Não mais a estreita esfera
que impera
A curva dos teus olhos.
Não mais a tua espera
paralela
Ao que de único em mim
Pudesses ser.
Não mais Eu.



Olhares.com

... invariavelmente no medo de tocar o que me prenda para sempre.

Não mais Tu.

segunda-feira, março 06, 2006

Acontece

O amor está em toda a parte, eu vejo-o.
És tudo o que podes ser, vai e sê-o.
A vida é perfeita, eu acredito.
Vem jogar o jogo comigo.




Tudo isto foi há tanto tempo,
recordo-me,
E fá-lo-ia outra vez, mas ficou
Isto ficou
Isto: levaram-nos por todo aquele caminho para o Nascimento
ou para a Morte?
Este era um Nascimento certamente.
Tínhamos a prova e nenhuma dúvida. eu tinha visto nascer e morrer,
MAs pensava que eram diferentes; este Nascimento era
Uma agonia dura e amarga para nós, como a Morte,
A nossa Morte.

in
O Caminho menos percorrido