quarta-feira, abril 25, 2007

"É isso que te vai fazer chegar longe"

Solipsista: do Lat. solu, só + ipse, eu mesmo;
o que tira prazer do acto solitário.

- O que é realmente fantástico na vida é relacionarmo-nos com pessoas com quem estamos constantemente a aprender, você não acha?

(...suspiro)

- Acho...

Eu não sei quanto tempo mais vou inventar
Dias revezando-se com pálpebras
E olhares sobre o tempo
Agora que fingi
Ser-te outra vez.

Eu não sei se amar-te
É mais ou menos assim
Mais de tudo e menos
De mim.
Nem sei
O que acontece antes
Do teu imaginário
E se o presente entende
O que não há.

Eu não sei quanto tempo mais
Irei escrever-te
De dedos acesos
E palavras estreitas
E de que tempo vou inventar
“Chopin” riscando os medos
No abraço em que me deitas.
C.

terça-feira, abril 24, 2007

Gózinha




Ao meu "arbusto" preferido,

Por quem a saudade existe sempre.


Quero-te dizer uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto. São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta dadiferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam pressas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói.

Nuno Júdice




sábado, abril 21, 2007

Se olhar-te não fosse assim

Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir.

Bernardo Soares

olhares.com

Não sei se noutras culturas o pensamento é o mesmo ou se a mentalidade já superou as tradições que se colam a gerações e gerações sem que ninguém as questione. Mas por cá sempre me impingiram a ideia de que o tempo resolve tudo. Expressões como o “deixa lá isso que daqui uns tempos já nem te lembras” ou “epah sentes falta agora mais vais ver que com o tempo isso passa”.
Não passa nada. Utopias. É o hábito que engana aquilo que o tempo julga resolver. Todos nós somos animais de hábitos, acomodamo-nos e acostumamo-nos às situações mais inimagináveis. E poderia dar aqui mil exemplos disso, mas todos nós já passámos os mesmos contextos, em que há falta de uma cama há sempre o chão. E que chão me foge quando me apercebo que o tempo, afinal, não cura nada. Afunda o ímpar no quotidiano, como se os dias se mordessem de fúria, qual deles o mais saudoso de coisa nenhuma. E realmente vou-me domesticando à ideia da perda, da saudade miudinha que não, não morre, apenas se veste da pele tornando-se banal demais. É por isso que ao fim de meses, anos, achamos que afinal o tempo resolveu e nada sangra como dantes. É já banal a dor. O hábito. Esse conceito que rompes certeiro quando, posto tudo isto, surges e afinal és tudo ainda.

E afinal o tempo não resolveu os teus olhos dentro dos meus.

terça-feira, abril 17, 2007

Sei lá, o quê...

Apetece-me chorar. Em prosa camoniana e mal falada, como me dizia uma Amiga minha, “um não sei quê, que vem não sei de onde e dói não sei porquê”. Enfim, não era bem isto, mas qualquer coisa como isto. Pouco importa.
Acabo de ler a crónica do Lobo Antunes escrita do hospital. Escrita dos dedos perto da morte sem que ela seja anunciada. Porque vais viver. E fala ele das palavras sem fé que lhe dizem em momentos destes. Mas eu acredito. Não sei bem em quê, lá está.
Há dias jantava com um amigo meu quando lhe vislumbro a Visão sobre a mesa,
- Não tive coragem ainda de ler.
- Nem eu.
Já está. E doeu.
Deve ser por isso que me apetece chorar. Um golpe no peito mais estreito que o fio das lágrimas. Fingir que está tudo bem e que a vida é mesmo assim, mas o tempo afoga mundos demais. Pessoas demais.
Ligo a televisão, RTP 1, claro, dizem que a informação é boa aqui. Mas a informação diz-me que há alguém que mata em série e sem propósito. E deixa uma carta a justificar não sei o quê. Miúdos. Professores. Inocentes. Olho de novo para a capa da Visão. Agora choro a sério. Tu que lutas a cada segundo contra essa cama de hospital e denuncias ao mundo tudo o que é de mais íntimo em alturas assim. Também a luta da minha Mãe me vem à memória. E todas as camas de hospital. E depois há quem mate aleatóriamente.
E depois há quem acredite que o meu fora do mundo me vai ajudar.

Nesse não sei quê de qualquer coisa.

Dialectos de Ternura

Quero ver-te mesmo quando sangro.

Há uma voz que bebo. Há um espaço entre as mãos mas não perco
A sede. A água multiplica-se porque a tiro do coração
Que escuta.
Há um espaço no corpo que pode ser um lugar.
À sombra posso olhá-lho até o ver
Posso tocar as chagas no corpo
E posso beber dele morrendo
Nele como quem entra de tanto
O desejar.
Daniel Faria
(...)
.. mas tu és tão perto.

domingo, abril 08, 2007

A Casa Quieta

"E alguém me gritava com voz de profeta
Que o caminho se faz entre o alvo e a seta..."
P.A.



Km zero @ Madrid - Taken by CM

(...)


Mas Lisboa é feita de fios de sangue

De províncias

De esperas diante dos cafés

De vazio sob um céu plúmbeo que ensombra

De jardins de estátuas perdidas.


Há um pressentimento de sono sem fim

Refugias-te num quarto de pensão e dormitas

O dia todo para que Lisboa te aqueça.


Al Berto

Dou por mim em ti inúmeras vezes. Um golpe mais fundo de estrada e o desvio para os braços que me adormecem sem querer. Dou por mim em mil tempos à procura de um canto que me tenha longe da tua voz. E isso faz-me querer ir. Arrancar o que me dóis e partir estrada dentro do desejo. Rematar a diferença que morre comigo em guerra aberta, umas vezes mais agreste, mais difícil.

Quero ficar por aqui, km 0 em que a ilusão é certeira no recomeço. E acreditar. Que depois de Madrid ou do Mundo tu já não estás. A casa quieta. E Lisboa deserta.

sexta-feira, abril 06, 2007

Lol Lloret!



Eu diria o céu, se o sorriso fosse o começo.





Vocês foram únicos. Um todo que se fez íntimo mais depressa que o tempo. E está aqui a cumplicidade, a partilha. O tudo que não foi fácil e nós soubemos lutar, resolver, abraçar quem desistia para que ficasse.

A todo o Staff Lol Lloret os meus parabéns. É nestas alturas que gostava de ser escritora e dar ao mundo a experiência dos momentos que enriquecem uma vida.

Talvez um dia.