Um caminho...
Vou morar para o Porto.
A afirmação é dura e repentina como não poderia ser de outra maneira. Não consigo dizê-lo senão de forma imponente, quase em desvio à própria lucidez. Não acredito em sonhos de uma vida, mas acredito em desejos, vontades, caminhos que levam ao completo. Este será um deles.
Quero sentir na pele o suor gasto das gentes que povoam aquela cidade. Cumprir horários, correr transportes públicos, fugir à noite para um Jazz calmo entre amigos. Quero sentir o mar da Foz a acordar-me Sábado de manhã e dizer-me que um café arrefece por perto. Quero discutir com a minha própria solidão, quem vence, quando a saudade humedecer o quarto. Quero amar e sofrer nesta cidade. Partir e chegar. Com a mesma leveza de quem aposta uma vida num regaço.
Um dia hei-de começar um romance com esta frase. Vou morar para o Porto. E nunca o saberei dizer de outra maneira.
E eu sei que tu, avô, te orgulharias disso.
Fica comigo. Até já.
C.