Abraça-me
"Quanto tempo temos quando o tempo chega ao fim?"
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De que me adianta espreitar os teus olhos
Se eles não falam. Ninguém sabe. Eu não digo.
Levar o teu perfume em beijo à minha ausência
Eu que te estremeço o abraço fugido.
De que me servem as linhas com que escrevo
Se somos quem canta o silêncio forçado
Em que o sonho desliza e uma vez mais
Me ardes na pele o desejo vincado.
De que me falham as mãos
E o poema que se amarra
Fechada em ti onde é tardia
Toda a luz de madrugada.
C.
Porto de abrigo
"... orgulho-me do que és no mundo e em mim. Por essa força, por esse alento que me faz acreditar mesmo quando tudo me mente. E obrigada por isso..."
À Joana, por tudo...*
Se te sentires perdido numa noite assimEm que estrelas se misturam pelo chaoCom o vento e a poeiraAs lembranças e os cansaçosQue te fazem procurar...o teu olharSe te sentires perdido numa noite assimA deriva pelo meio da multidãoSem saber qual é o caminho certoE o momento de parar....e ouvir a voz do teu coracaoPode ser que encontres no olhar de alguémO teu mundo perdidoA cor do teu céu...Uma chama que a lua faz dancar no escuroUm desejo escondido...E o que ficou...Nos teus sentidos...De alguma canção.
Na rua um silencio colado à peleA noite acende um mundo no teu peito...E vais talvez mais dentro, mais longe do que nuncaPara tentar tocar o fundo com as mãosPode ser que encontres no olhar de alguémO teu mundo perdido, a cor do teu céu...
Enquanto te confundes nos gestos loucos - a multidãoEnquanto sopra o fogo distante e cresce de mão em mãoPode ser que encontres no olhar de alguémO teu mundo perdido, a cor do teu céuUma chama que a lua faz dancar no escuroUm desejo escondidoE o que ficou...Nos teus sentidos...De alguma canção.Mafalda Veiga
Fuga
Flutúo
Consigo deslindar o meu rosto sem esforço
Balança é o que a maré me dá
E eu não contesto
O meu destino está fora de mim e eu aceito
Sou eu despida de medos e culpas - confesso.
Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
So para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar
Amanhã…
Amanhã pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais que perfeito
Hoje vou fingir
Que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar,
Amanhã…
Hoje eu vou fugir
Para não me dar
À vontade de ser tua….
Só para não me ouvir dizer
Que as coisas vão mudar
Amanhã…
Susana Félix
Sempre no fim
"Longe ou perto,
Tudo é deserto..."
P. Abrunhosa
Foto retirada de Olhares.com
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You look like you're in another world
but I can read your mind
how can you be so far away
lying by my side
when I go away I'll miss you
and I will be thinking of you
every night and day just ...
Promise me you'll wait for me'cause
I'll be saving all my love for you
and I will be home soon
Promise me you you'll wait for me
I need to know you feel the same way too
and I'll be home, I'll be home soon...
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Craven Beverly
A Luz de um sorriso
Art: Barbara Kruger
Acordar de noite. Não sentir a dor. Ficar quieto. À espera da dor. Respirar devagar. Abrir os olhos. Primeiro um, depois o outro. Fechar os olhos devagar. À espera da dor. Tu a chegares e depois a partires. A ires e a vires, nunca a ficares. Acordar de noite. A meio da noite. Ninguém a teu lado. Um braço, uma cabeça, um colo. Sem te mexeres. Não vale a pena mexer no teu corpo, como se fosse o teu. Ali a meio da noite. À espera da dor. Enquanto não vem, a pensar que não vem, que não há-de vir, mehor assim.
Que vens e vais e nunca chegas para ficcar, nem a partir. Não vale a pena esperar. Pelo menos esta noite a dor não vem. Sorrir. Abrir os olhos devagar. Primeiro um, depois o outro. Continuar a sorrir. Até a luz chegar. Até chegar. Continuar a sorrir. Até a doer voltar.
Pedro Paixão
...porque " a luz está em ti, no teu sorriso, na luminosidade que deixas em tudo..."
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Creio que foi o sorriso
o sorriso foi quem abriu a porta
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de A.
"O que o tempo nos faz..."
"Deixa-te viver, deixa.te levar, deixa-te morrer..."
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os poemas adormeceram no desassossego da idade.
fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais
curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me
as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas. ..e
nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e
a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.
a dor de todas as ruas vazias.
Al Berto
Tão fundo...
E eu que vou sempre querer saber mais de ti do que das esquinas que nos compassam...