Ver-te dormir
Cantam desejos dispersos no ar. De novo a solidão enrolada nos dedos do fumo que acaba e permanece, enquanto acendo outro cigarro. Viajo nas linhas dos teus olhos adormecidos sobre a cama.
Ficar a olhar-te é a essência da poesia, um mundo aberto nas minhas mãos jamais descrito no papel. Balanças no novelo de sonhos que se desenrola do respirar enquanto aflito, o tempo lá fora bate na vidraça com presunção.
Escrevo. Não sobre ti mas para ti. Agora que todas as horas mais longas são cordas para te agarrar ao tempo em que te tive e tudo em mim era medonho.
Desenho o toque. Precisão confusa e presente sem me sentir, sem me sentires.
Afinal dormes. Afinal és só memória vadia no meu quarto de hotel feita fantasma e arauto ao mundo maior. Os teus passos assustam. Recuam em delírio aos meus que te fogem sem querer.
E este é o teu cheiro gravado e secreto, à mulher que estreitas e adormeces contigo,
- tão dentro de ti.
Clara_
*__*
Feito por nopia*
"E eu que queria que as minhas mãos estivessem sempre nas tuas..."
*__* nopia *__*
Madrugada de Abril
É crua, ausência entre as palavras.
Um ano de tempo foi demais para o som da vidraça que me queimou a pele mais do era possível. Toda a ilusão se depara agora com um frame exaustivamente repetitivo, redondo à dor que se acomoda pelo teu corpo.
Deixei-te preso a esta madrugada como se as muralhas, por elas só, tivessem sabido ecoar o teu grito. Desculpa.
“É já tão tarde esta noite
Para seres quem passa
Da ilusão perfeita
Á noite que cai
Na vidraça
O teu corpo ao longe
Desenho em asfalto
E a tua voz
Perto de nós
Em sobressalto.”
Perdoa-me querer-te, querer ter-te.
És tudo aquilo que em mim sei ser.
"Vivam as ruas dessas ruas o teu silêncio
Antes de se saber pela calçada
Foram olhos e folhos de névoa
Quase madrugada…
Quem provou dos meus lábios
Sem eu sentir
E quem
Fez dos quadrantes astrolábios
Para o tempo existir."
Perdoa-me o avesso das lágrimas
Em que me dóis.
"... and did I say that I love you?"
Casa da Música @ 20.04
Escutamos o Porto: os passos dados sobre as lajes;
vozes soltas, feridas..."
Outro encanto
A mim
A luz penumbrosa da cidade
A coar-se nos teus olhos
De luz,
A ti
Que os olhos
Todos os teus olhos
Contos discretos como a chuva que fere
Ou talvez nele a angústia que a cidade quiser…
A sombrear-te o sorriso
Sempre terno,
E empalidecer-te a fronte
Pensativa.
Todo o entardecer amanhã de manhã
Demora-te! Tempo esguio
Para que possa sofrer
Chuva morrinhenta
Que se te prende no corpo
Como uma memória
Parda como um tempo eterno
Mas morto…
Tempo do Porto
Em todos os olhos
Por dentro dos teus olhos
Onde te encontro
E me faço esquecer.
Clara & Xana
Mais além
"Angústia de mesmo antes de começar,
Tudo ter acabado há muito..."
Uma voz na pedra
Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
Counting down...
"...porque o tempo tem asas..."
P.A.
2 days left...
Todas as palavras
As que procurei em vão,
principalmente as que estiveram muito perto,
como uma respiração, e não reconheci,
ou de súbito desisitiram
e partiram para sempre
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
as que (lembras-te ?) não fui capaz de dizer-te
nem foram capazes de dizer-me;
as que calei por serem muito cedo,
e as que calei por serem muito tarde,
e, sem tempo, me ardem;
as que troquei por outras (como poderei esquecer o seu olhar?);
as que perdi, verbos e
substantivos de que,
por um momento, foi feito o mundo
e que se foram levando o mundo. E também aquelas que ficaram,
por cansaço, por inércia, por acaso,
e com quem agora, como velhas amantes sem desejos, desfio memórias,
as minhas últimas palavras.
Manuel António Pina
Amor paralelo
"O vazio causa a dor mais indizível de todas.
Uma dor redonda e profunda como um buraco negro, por onde toda a alegria e tristeza se esvai..."
Maria Teresa Maia Gonzalez in
"Um beijo no pé"
"Devolve-me os laços, meu amor..."
Toranja
in
"Segundo"
Palavras
Pelas palavrasque me deste,
Por tudo aquilo que nos é aos dois, tantas vezes,
tão difícil...
Solidão,
o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus que amanhece mortal
repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procurei afinal
Um sinal, uma porta pro infinito irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais...
"O silêncio das estrelas"
In the end
One thing, I don’t know why It doesn’t even matter how hard you try Keep that in mind I designed this rhyme when I was obsessed with time All I know, time was just slipping away And I watched it count down to the end of the day Watched it watch me and the words that I say The echo of the clock rhythm in my veins
TimeI know that I didn’t look out below And I watched the time go right out the window Tried to grab hold Tried not to watch I wasted it all on the hands of the clock But in the end, no matter what I pretend The journey is more important than the end or the start And what it meant to me will eventually be a memory of a time when I tried so hard...Linkin Park
"In the end"
De ti
fuga FUGA fuga FUGA fuga FUGA fuga FUGA
Tão longe __________________________longe
de ti.