O eco da tua voz
Quando se parte há um recomeço. Um gesto prolongado na força do tempo. O teu jeito é assim continuado ao que é de mim, tão mais forte que o aconchego.
Quando me sobressais
Tímido.
Nas linhas do meu contorno
A tua voz que desvio
Dos ecos ao meu retorno.
O teu constante,
Vezes demais
Os passos largos na madeira
São versos dos mesmos instantes
Da tua sombra extensa
Aos meus meses rasantes
E os círculos em que a espera
É derradeira.
Talvez um dia depois de mim
Talvez um dia sem ser por nós
Um tempo recortado à palavra não dita
Um tempo ditado pelo eco da voz.
C.
"...não sei porque escrevo,
se o que escrevo é dito a mim..."
Paralelismos
Contextos. Encontrar o paralelismo entre as letras e as imagens. Deixar-me ser qualquer presença para que me encontre, um dia, no que já fui.
Encontrar fora de mim o que não é
A exigência que descalcei
Numa e outra porta
A que bati
E não me dei.
Fugir-te dos lábios quando me querias
As roupas rasgadas
Os teus dedos em feridas
Mais do teu amanha
Em mim
Mesmo distante ao que quero,
O seres assim. Rui Marques (Olhares.com) @ Ponte da arrábida - Porto
Regressos
Ao dia presente
Às horas iguais
Sempre que te peço
E te perco
E me obrigo
O passo em frente.
Para nunca mais.
C.
24 de Janeiro
"Quando te conheci achei que eras um poema..."
Sintra & Porto
Quero escrever-te um poema que tenha um sentido claro como o que os teus olhos me disseram.Poderia ser um poema de amor,tão breve como o instante em que me deixaste ver os teus olhos.
Mas o que os olhos dizem não cabenum poema, nem eu sei como se diz o amor que só os olhos conhecem.Nuno Júdice
Ruas...
Encostar na tuaTaken by nopia @ Porto/Foz 2001
Eu quero te roubar pra mimEu que não sei pedir nadaMeu caminho é meio perdidoMas que perder seja o melhor destino.
Agora não vou mais mudarMinha procura por si sóJá era o que eu queria acharQuando você chama meu nome
Eu que também não sei aonde estouPra mim que tudo era saudadeAgora seja lá o que forEu só quero saber em qual ruaMinha vida vai encostar na tua
Que saiba que forte eu sei chegarMesmo se eu perder o rumoMas saiba que forte eu sei chegarSe for preciso eu sumo
Eu só quero saber em qual ruaMinha vida vai encostar na tuaAna Carolina
O poder dos cidadãos
É preciso um paísNão mais Alcácer Quibir.É preciso voltar a ter uma raízum chão para lavrarum chão para florir.É preciso um país.Não mais navios a partirpara o país de ausência.É preciso voltar ao ponto de partidaé preciso ficar a descobrira pátria onde foi traídanão só a independênciamas a vida.
Manuel Alegre
Momento de reflexão: "Está nas tuas mãos o poder dos cidadãos!"
Give it back
Da música às palavras um segredo feito estrada. Ontem. Enquanto tudo era silêncio dentro de nós e só as ruas se inquietavam à pele dos nossos passos.
Porque através desta voz talvez tudo isto faça sentido... *
Give it back You hijacked my mind so I’m falling in circles Can’t catch my fall so I need you to be close ‘cause Where you go I’ll follow So give it back
In my bed Sleeping not I cannot explain what’s in my head Longing for an empty thought But I seem to think of you instead You blew my mind away And I can’t let you go Took it and ran awayJust had to let you know Just dropped a line to saythat I lost all control You blew my mind awayIn my headAnd in my heart I cannot complain, no one competes Longing for this pase to stop Never been the same since you loved me ~You blew my mind away Now that I’m torn apart Took it and ran away Is when you come for my heart There’s nothing left to say And I don’t know where to start
Give back my thoughts to meGaelle
Sexta-feira 13
À cidade de todos os meus dias, desde sempre.
Ando na berma
Tropeço na confusão
Desço a avenida
E toda a cidade estende-me a mão
Sigo na rua, a pé, e a gente passa
Apressada, falando, o rio defronte
Voam gaivotas no horizonte
São montras, ruas
E o trânsito
Não pára ao sinal
São mil pessoas
Atravessando na vida real
Os desenganos, emigrantes, ciganos
Um dia normal,
Como a brisa que sopra do rio
Ao fim da tarde
Em Lisboa afinal
Só o teu amor é tão real
Só o teu amor…
Pedro Campos
Todas as palavras
E o que importa tudo isto, se o fim disto não for contigo?
As que procurei em vão,
principalmente as que estiveram muito perto,
como uma respiração, e não reconheci,
ou de súbito desisitirame partiram para sempre
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
as que (lembras-te ?) não fui capaz de dizer-te
nem foram capazes de dizer-me;
as que calei por serem muito cedo,
e as que calei por serem muito tarde,
e, sem tempo, me ardem;
as que troquei por outras (como poderei
esquecer o seu olhar?);
as que perdi, verbos e
substantivos de que,
por um momento, foi feito o mundo
e que se foram levando o mundo. E também aquelas que ficaram,
por cansaço, por inércia, por acaso,
e com quem agora, como velhas amantes sem desejos, desfio memórias,
as minhas últimas palavras.
Manuel António Pina
Gente da minha terra
"Há alegria nalguns encontros; existem memórias percorridas pela melancolia. O tempo - é saber antigo - voa. Hoje, o Sol castiga pelas calçadas, amanhã, o vento torce as árvores nuas.
Que mais oferecer que a entrega dos dias à recordação de algumas vozes?
A sombra de uns versos, que nunca mergulha nas águas do mesmo rio?"
Da tua voz o corpo
o tempo
já vencido
os dedos que me vogam
nos cabelos
e os lábios que me roçam
pela boca
nesta mansa tontura em nunca tê-los...
Meu amor
que quartos na memória
não ocupamos nós
se não partimos...
Mas porque assim te invento
e já te troco as horas
vou passando dos teus braços
que não sei
para o vácuo em que me deixas
se demoras
nesta mansa certeza que não vens.
Maria Teresa Horta
Tão pó a pó
But not for me
Taken by mOle @ D70s - ESCS
Desistir do rosto, dos propósitos,das palavras.Há sílabas assim.Com a vergonha do afectoemprestada ao desalinho das mesas.
Por ali, encenando a imobilidade,a rudeza de haver dor.Eu sei que não virás.Bebo por ti, sem ti, contra ti,com o coração no bengaleiroa fingir que não, não faz diferença.
E o pior é que até faz,por muito que ninguém o saiba.Manuel de Freitas
Enquanto tento... (Can you?)
Os passos
Inundados de vícios
Os passos
Amiga em que outrora
Velavas o vento
Submissão de tudo
Enquanto tento.
As rugas no teu rosto
Dias entre noites
Passados por nós
Perdoando em sangue
Os beijos
Que morriam dentro da voz.
Foto retirada de Olhares.com
O fim de 2005
"Não basta querer parecer,
É preciso Ser."
Mais um túnel em mais um tempo @ Porto
Entrego-me
Em passos sem destino
Até onde a fúria se acalma
Vou procurando a gente
Que à noite na rua cantava
E algo em mim sobrevive
Desesperadamente
Quero que por fim nos traga o sol
Andando pelo rio perdidos na claridade
Hoje só quero deixar viver este momento
Hoje só quero caminhar pela cidade.
Mafalda Veiga